quarta-feira, 4 de maio de 2011

EUA não tinham certeza de que Bin Laden estava na casa, diz CIA

O diretor da CIA (agência central de inteligência americana), Leon Panetta, afirmou que a inteligência dos Estados Unidos nunca teve fotografias ou outra prova concreta de que Osama bin Laden estava dentro do complexo residencial em Abbottabad, no Paquistão.
A revelação vem em meio a uma polêmica sobre o modo em que a operação foi realizada, depois que a Casa Branca admitiu que o líder da rede terrorista Al Qaeda não estava armado.
Panetta, que supervisionou a operação, disse à revista "Time" que analistas tinham apenas 60% a 80% de confiança de que Bin Laden tinha sido encontrado.

Editoria de Arte/Folhapress
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"Nós nunca tivemos evidência direta de que ele de fato esteve lá ou estava localizado lá", disse Panetta, em outra entrevista, ao programa "PBS NewsHour". "A realidade é que nós poderíamos ter entrado lá e não ter encontrado Bin Laden", disse.
O diretor da CIA, cotado para ocupar a secretaria de Defesa americana, explicou que o presidente Barack Obama aprovou a operação Gerônimo porque havia pouca chance de obter mais dados de inteligência sobre a localização de Bin Laden --que se manteve escondido por dez anos.
Depois de uma celebração que tomou as ruas de Washington e Nova York, o governo americano começa a revelar os detalhes da operação que matou o homem mais procurado do mundo.
A Casa Branca afirma que não tinha como objetivo matar Bin Laden, mas o argumento fica cada vez menos crível.
Pressionado por repórteres, o porta-voz da Casa Branca, Jim Carney, afirmou nesta terça-feira que Bin Laden "ofereceu resistência" antes de morrer e que "outras pessoas estavam armadas na casa" --o que justificaria matá-lo e não capturá-lo.
A Casa Branca disse ainda que os militares da força de elite Seals apenas atiraram "na perna' de uma das supostas mulheres de Bin Laden, mas não a mataram. Ainda na segunda-feira, o governo americano já tinha desmentido relatos iniciais de um assessor de Obama que uma mulher teria servido de "escudo humano".
Panetta confirmou a versão da Casa Branca e afirmou em entrevista à rede de televisão NBC que Bin Laden nunca se rendeu. "Também estava, como parte das regras da operação, que se ele de repente levantasse as mãos e se rendesse, então teríamos a oportunidade, obviamente, de capturá-lo. Mas essa oportunidade nunca foi apresentada", explicou.
TORTURA
Ainda na terça-feira, Panetta revelou que as informações obtidas pelos detidos nas prisões secretas da CIA mediante a polêmica técnica de "afogamento simulado" (waterboarding) ajudaram a traçar o plano que levou ao assassinato do líder da Al Qaeda.
Em entrevista à NBC, o diretor ressaltou que as pistas que levaram os serviços de inteligência a encontrarem o esconderijo do líder da Al Qaeda vieram de "muitas fontes", e não só dessa técnica de interrogatório.
"Neste caso, as técnicas de interrogatório coercitivas foram usadas contra alguns desses prisioneiros. Quanto ao debate sobre se poderíamos ter obtido as mesmas informações por outros meios, acho que esta sempre será uma questão em aberto", indicou.
Perguntado se nessas "técnicas de interrogatório coercitivas" se incluía o afogamento simulado, Panetta respondeu: "Correto".
Os críticos do "afogamento simulado" a classificam como tortura. O "afogamento simulado" consiste em amarrar um pedaço de pano ou plástico na boca do prisioneiro e, em seguida, derramar água sobre seu rosto. O detido começa a inalar água rapidamente, causando a sensação de afogamento.
O ex-presidente George W. Bush defende a técnica, a qual atribuiu informações valiosas na guerra contra o terrorismo.

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