quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SEDATIVOS SÃO SUSPENSOS E GOMES ACORDOU E SE MOVIMENTOU

Na noite desta quarta-feira, as 72 horas após a cirurgia de drenagem do sangue pela qual o técnico Ricardo Gomes passou, depois de sofrer um AVC hemorrágico, se completam. Os médicos que cuidam do comandante vascaíno esperavam retirar os sedativos neste período para ver como o paciente reagiria. Mas tudo dependia da evolução do quadro do treinador. Na manhã desta quarta, o clima no Hospital Pasteur, onde Ricardo está internado, ficou mais leve. Médicos animados e alguns sorrisos em meio ao clima tenso que tomou conta do hospital nos últimos dias pareciam preceder boas notícias. Que se concretizaram: os sedativos que mantinham Ricardo em coma induzido

"Suspendemos de manhã cedo os sedativos e com duas horas Ricardo já apresenta reações positivas. Acordou, abriu os olhos lentamente, em determinados momentos movimentou braços e pernas bem mais do lado esquerdo do que do direito, como esperado. Isso não quer dizer que vai ter sequelas, ainda é cedo para uma avaliação definitiva, mas vamos iniciar a fisioterapia e ele deve recuperar totalmente os movimentos. Terminou o período de maiores complicações e ele apresenta normalidade no estado clínico e está com os sinais vitais normais. Os exames de imagem compatíveis apresentam excelente evolução", disse Fabio Guimarães de Miranda, responsável pelo CTI do hospital.

Apesar do quadro estar evoluindo mais do que o esperado, o neurocirurgião que operou Ricardo, José Antonio Guasti, alerta que o estado de saúde do treinador ainda é grave:

"Dentro do que imaginamos nesse primeiro momento, o panorama é dos melhores. Ele ainda segue no CTI por alguns dias. O estado inspira cuidado, é grave, mas é bem melhor do que há dois, três dias. A grande evolução dele foi nas últimas 12 horas", afirmou.

Ricardo ainda respira com auxílio de uma aparelho, mas já apresenta movimentos de respiração espontâneos. Ele ainda não fala, pois está entubado, mas respondeu aos chamados dos médicos.

Relembre o que aconteceu com Ricardo Gomes:

No segundo tempo do jogo contra o Flamengo, no dia 28, Ricardo Gomes passou mal e foi levado ao Hospital Pasteur, onde foi diagnosticado com AVC hemorrágico. O técnico foi submetido a uma neurocirurgia para drenagem do hematoma cerebral, que tomava 70% de seu cérebro, e controle da hipertensão intracraniana. O procedimento, que durou cerca de três horas, foi realizado com sucesso pela equipe do neurocirurgião José Antonio Guasti e com o suporte clínico do médico Fábio Miranda. A tomografia computadorizada no pós-operatório imediato foi bastante satisfatória, mostrando que o hematoma foi totalmente removido e a pressão intracraniana mantida sob controle. Os médicos esperavam as 72 horas após a cirurgia para retirar os sedativos e analisar se o comandante cruzmaltino terá alguma sequela na fala ou na motricidade do lado direito.

Fonte: UOL

domingo, 28 de agosto de 2011

Texto de Lédio Carmona sobre Ricardo Gomes

Desde os 20 minutos do segundo tempo, o clássico entre Flamengo e Vasco perdeu o sentido para mim. Profissionalmente, continuei acompanhando no sofá da minha casa. Mas meu pensamento estava dentro daquela ambulância que levava Ricardo Gomes. Não vou repetir aqui o que estão dizendo a rodo pela internet, twitter, televisão, rádio, jornais, etc… Baita cara, integro, ótimo profissional… Tudo é fato. Ricardo Gomes é de verdade. Carne e osso. Zero hipocrisia. Faz questão de trabalhar no futebol, mas sempre evitou circular no mundinho de falsidade, trairagem e tapinhas nas costas de ocasião, tão comuns na sociedade da bola.

Rezo para que se recupere. Conheço pessoalmente Ricardo Gomes há 25 anos, desde que comecei a trabalhar como jornalista. As primeiras entrevistas aconteceram quando eu era repórter do Jornal do Brasil. Fomos juntos para a Copa da Itália, em 1990. Ele era o capitão. A Seleção era uma bagunça. Perdeu para a Argentina e foi eliminada nas quartas-de-final. No dia seguinte, a CBF resolveu abrir as portas do hotel para a imprensa acompanhar a saída dos jogadores. Quase todos jogavam na Europa e já haviam desertado por conta própria. Ficaram uma meia dúzia. O jardam do Hotel Asta, em Asti, próximo a Turim, estava vazio. Em certo momento, olhei para cima. Numa das janelas, solitário, Ricardo Gomes, que atuava pelo Benfica e também poderia ter saído de fininho, olhava para o horizonte. Parecia longe. Ainda mastigava a dor da derrota. Mas fez questão de esperar o ônibus e voltar para o Brasil com o que sobrara da delegação. Não fugiu, nem saiu pelos fundos. Enfrentou a pressão até o fim.

Ricardo Gomes é referência no futebol francês. Foi campeão como jogador no PSG. Como treinador, no Bordeaux. Em Portugal, os benfiquistas o amam. Certa vez, um jornalista português comentou comigo. “O Benfica deveria contratar Ricardo Gomes como treinador. Poucas vezes conheci alguém que entendesse tanto de futebol, que tivesse diálogo tão fácil e que fosse tão transparente”. Transparência e verdade. Palavras comuns sobre RG.

Desde que chegou ao Vasco, Ricardo Gomes se encontrou. Voltou a ser valorizado e recuperou prestígio. Fez uma legião de boquirrotos sem sentido engolir as bobagens que falavam sobre ele. Acertou o time no Estadual, ganhou a Copa do Brasil, briga pelo título Brasileiro e ajudou a recuperar a auto-estima de jogadores e torcedores. Nos encontramos em várias viagens. Sempre conversamos. Antes e durante os vôos. Posso dizer que nos tornamos amigos. As conversas eram ótimas. Na última viagem na qual nossos vôos coincidiram, estabelecemos uma mesa-redonda interna. E, no fim, ele me disse: “Assim é bom discutir futebol. Com densidade, saindo do raso e do comum. Quem dera fosse sempre assim”.

Pois é: quem dera fosse sempre assim. Com seriedade, verdade, sobriedade e conteúdo. Como gosta Ricardo Gomes. Estou na torcida por você, meu chapa. Que venham novas resenhas. Força.

Ricardo Gomes fará cirurgia de 3 horas para reduzir coágulo

O técnico Ricardo Gomes vai ser submetido a uma cirurgia para drenagem de um coágulo formado no lado direito do cerébro após um acidente vascular cerebral (AVC) na noite deste domingo, durante a partida entre Vasco e Flamengo. A operação deve durar cerca de três horas e terá o objetivo de reduzir o trauma para não danificar o tecido cerebral, o que poderia causar sequelas motoras.
- Creio que ele vai suportar bem. É uma pessoa forte. Só o fato de ter me reconhecido enquanto pôde e ter tido condições de falar sobre o que estava sentido é muito positivo - afirmou Clóvis Munhoz, médico do Vasco.

O médico afirmou ainda que o que aconteceu com Gomes neste domingo não é uma consequência do primeiro AVC sofrido pelo técnico em fevereiro de 2010, quando treinava o São Paulo.
- Ele estava confuso, nervoso, agitado. Achou que poderia ser igual ao que houve no ano passado. Mas não tem nada a ver – garantiu.
Enquanto aguarda o início da cirurgia em um hospital na zona norte do Rio de Janeiro, Gomes está sedado na UTI e respira com a ajuda de aparelhos. O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, está no hospital acompanhado dos filhos, assim como Felipe, o diretor executivo Rodrigo Caetano e familiares e amigos do treinador.

Fonte: Globo Esporte

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Kart retorna às ruas de Campos


 Campos mostrou na tarde de ontem que além de tantos outros esportes também é vocacionada para a velocidade. Depois de duas etapas em Macaé, o Campeonato Regional de Kart voltou às ruas da Planície Goytacá com o apoio da Fundação Municipal de Esportes (FME). O Jardim Carioca, bairro de Guarus, recebeu centenas de pessoas com a 3ª etapa do Campeonato. Disputado em circuito montado ao redor da Praça São Cristóvão, recém-inaugurada pela Prefeita Rosinha Garotinho, pilotos de Campos, Cachoeiro de Itapemirim, Macaé e Vitória, estiveram presentes e mostraram que o Kart está vivo na cidade.



A competição é organizada pelo Kart Clube de Campos e pelo Kart Clube de Macaé. Em Campos recebe o apoio da Prefeitura de Campos através da FME. Na primeira etapa do ano realizada em Campos, a Prefeita Rosinha Garotinho e o Deputado Federal Anthony Garotinho estiveram presentes na abertura do evento. Além desta etapa, mais três etapas devem ser realizadas em Campos, ainda sem locais definidos.
Etapa – Foram disputadas hoje (21) cinco categorias com cerca de 40 pilotos: F400, V-4A, V-4B, Novato e Graduados. As provas começaram às 14h e terminaram no início da noite. Gilberto Gonçalves venceu a categoria F400; Fernando Mendonça venceu a categoria V-4ª. A categoria V-4B foi vencida por Cláudio Soró; e a categoria Novato teve como campeão Silésio Sá. Willian Robert venceu a categoria mais importante do dia a de Graduados.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

2ª Corrida da Nutrição: Inscrições abertas

Foram abertas hoje as inscrições para a 2ª Corrida da Nutrição. O evento será realizado nas ruas do Flamboyant, no dia 28 de agosto, com largada às 08h00.

Serão apenas 200 vagas e o período de inscrição irá de hoje até o dia 25 de agosto, pode ser encerrado antes caso o limite de vagas. seja atingido.
O percurso terá 4 km e haverá premiação para os cinco primeiros colocados nas categorias masculino e feminino, com troféus e brindes.
As inscrições podem ser feitas através da Pronut, no telefone 2735-1964.
A organização pertence à Fundação Municipal de Esportes, que vem cada dia mais promovendo a corrida com um meio de vida saudável.

Kart de volta ao Jardim Carioca


Dando continuidade ao Circuito Regional de Kart, que viu seu retorno às ruas de Campos depois de quase dez anos, a Fundação Municipal de Esportes (FME) realiza no próximo domingo mais uma etapa deste circuito em Campos. A competição vai acontecer na Orla de Guarus, em Campos, que nas últimas edições, recebeu centenas de pessoas que lotaram as arquibancadas montadas ao lado da Praça Tancredo Neves, ma descida da Ponte Barcelos Martins.
A prova será realizada em parceria com o Kart Clube de Campos. A pista, como de praxe, será montada pela manhã, juntamente com os boxes das equipes e as arquibancadas. A estrutura da Prefeitura Municipal de Campos começará a chegar ainda nas primeiras horas do dia.
Estão programadas para a disputa as categorias: V4-A, V4-B, Novatos, Splinter e Força Livre. Algumas mudanças podem acontecer até o domingo, antes porém, a organização da prova divulgará a quantidade de pilotos inscritos e as categorias que serão disputadas.
O kart retomou as suas atividades em Campos no início de 2010. O presidente Magno Prisco, ressalta a volta do esporte que desapareceu da cidade e deixou pilotos e adeptos da modalidade órfãos durante alguns anos. “A volta do kart foi uma das promessas de campanha da Prefeita Rosinha Garotinho. Realizamos em 2010 um circuito completo que foi um sucesso. A população prestigiou todas as provas e ganhou com isso o turismo, o comércio local e o esporte”, destacou Prisco.
As provas deste fim de semana devem acontecer à tarde, a partir das 14h. Os treinos livres acontecem pela manhã, logo após a montagem da pista.

sábado, 13 de agosto de 2011

Governo do Estado-RJ serviu comida contaminada durante os Jogos Militares de 2011

Fonte: Istoé

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Cérebro de magros e obesos funciona de forma diferente


MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

O cérebro dos magros e dos obesos reage de maneira diferente aos estímulos gerados por alimentos, indica pesquisa feita na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

O trabalho aponta indícios de que o cérebro dos obesos tem uma disfunção --causada por inflamações-- que prejudica o mecanismo de controle da saciedade. E sugere ainda a possibilidade de que, após emagrecer, o obeso recupera a capacidade de se sentir satisfeito.

Segundo Simone van de Sande Lee, autora do estudo, trabalhos anteriores, com animais, identificaram uma inflamação no hipotálamo, região do cérebro responsável pelo gasto de energia e controle da fome.

Com isso, a leptina, hormônio que indica saciedade, não era identificada pelo organismo dos obesos, gerando mais vontade de comer.

"Em situações normais, o cérebro capta essa informação do hormônio e a transforma em estímulo para parar de comer. Os indícios mostram que a obesidade decorre, entre outros fatores, de um erro no processamento dessa informação", afirma.

RESSONÂNCIA

No estudo, oito pacientes magros e 13 obesos foram submetidos a uma ressonância magnética funcional (que registra uma sequência de imagens do cérebro). Os obesos fizeram o teste antes e depois de uma cirurgia de redução de estômago.

Todos receberam 50 g de glicose diluída em 200 ml de água durante o exame.

Em todos os voluntários, a ativação dos neurônios no hipotálamo atingiu um pico após a ingestão da glicose. Ela se manteve alta por 30 minutos nos pacientes magros, mas caiu em apenas dez minutos nos obesos.

Depois da cirurgia, os pacientes obesos emagreceram e recuperaram parcialmente essa atividade, chegando mais perto dos índices dos pacientes magros.

"Acreditamos que a atividade neuronal indique, nos pacientes magros, o processamento da leptina. Eles mantêm o estímulo de saciedade por mais tempo", diz a pesquisadora.

Quando os obesos perderam peso, foi encontrada uma quantidade maior de substâncias anti-inflamatórias no líquor (líquido que envolve o cérebro). Essas substâncias combatem a inflamação que prejudica a identificação da leptina e a sensação de saciedade que ela sinaliza.

RESSALVAS

Para o médico Ricardo Meirelles, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o trabalho "chama a atenção pela possibilidade de reverter as alterações [cerebrais]". Mas, diz ele, há fatores culturais e psicológicos a serem considerados na obesidade.

A endocrinologista Cíntia Cercato, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), afirma que a possibilidade de reverter a resistência à leptina traz muitos benefícios, "até mesmo em funções cognitivas".

Já o neurologista da USP Paulo Jannuzzi ressalta que há outros mecanismos a serem considerados.

"É possível o paciente já se sentir saciado, mas querer comer pelo prazer. Mas, se estudos indicarem um caminho novo para lidar com parte desse comportamento, já é um avanço".

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dois pesos, uma medida


Com a vantagem da redução do peso transportado pelos estudantes e a promessa de interatividade, tablets ganham espaço nas escolas nos EUA

GILBERTO DIMENSTEIN, COLUNISTA DA FOLHA

Edison, uma pequena cidade americana de 98 mil habitantes em Nova Jersey, prepara-se para se transformar num laboratório educacional a partir de setembro.

Os alunos de suas escolas públicas vão aprender álgebra, nos próximos 12 meses, sem usar lápis, papel e livro. Eles vão usar apenas um aplicativo para o tablet.

A cidade aceitou fazer a experiência para ver se o novo recurso funciona ou se é mais um modismo tecnológico. Metade dos alunos vai usar o aplicativo de álgebra, a outra ficará com o livro tradicional. Ao fim do ano letivo, vão avaliar se houve diferenças de aprendizado.

"Nossa aposta é que o professor vai ter mais facilidade de ensinar com um suporte interativo nas mãos", afirma Richard O'Malley, responsável pelo ensino público do município. Para ele, esse tipo de experiência ajudará a definir se ou até quando o livro ainda será usado na escola.

A predisposição a essa novidade é ainda maior quando ouve-se o governo da Coreia do Sul anunciar que o país vai aposentar o uso do livro em sala de aula -e trocar pelos tablets- em todas as escolas do país, até 2015.

Cresce a aposta de que, em pouco tempo, pelo menos em países ricos, o livro didático será tão inútil quanto as aulas de letra cursiva -que já não são obrigatórias em nenhum Estado americano.

Experimentos como o de Edison, que são acompanhados por centros de pesquisa, atraem a atenção. Sempre na condição de projetos-piloto, outras centenas de cidades nos EUA estão usando tablets combinados com livros em suas salas de aula.

A Prefeitura de Nova York comprou 2.000 aparelhos e colocou-os em escolas na periferia. Lá, por exemplo, alunos usam um aplicativo para inserir e tirar cores das imagens de pinturas -uma ferramenta para tornar as aulas de história da arte mais interativas e mais atraentes.

"É um caso que mostra o uso correto da tecnologia, que vai além do livro", diz Fernando Reimers, professor de educação de Harvard e especialista em inovação.

PESO MENOR

Por enquanto, professores, pais e estudantes veem na substituição dos livros uma simples (mas real) vantagem anatômica. Os tablets tiraram literalmente um peso das costas dos alunos, esvaziando a mochila do papel e até do computador portátil.

Docentes elogiam o fato de que, diferentemente do modelo "um laptop para cada aluno", o estudante não se esconde mais atrás da tela.

"Os alunos dizem que a vida ficou mais leve", afirma Nick Bilton, professor do Programa de Interação em Telecomunicação da Universidade de Nova York. "Acredito que cada vez vai ficar mais clara a vantagem dos conteúdos eletrônicos."

Ele dá o exemplo de uma empresa, a Inkling, que ganhou mercado nas universidades, especialmente nas escolas de medicina. Um de seus produtos de sucesso é um livro de biologia -que tinha uma edição impressa de quase mil páginas- que foi recheado com material em 3-D em sua versão eletrônica.

Além das facilidades de manipulação, o aluno pode comprar um capítulo de cada vez e tem espaço para escrever e compartilhar comentários, em rede social, num aprendizado coletivo.

"O livro de papel usado em classe não é mais funcional. Mas será que isso vai melhorar a educação?", questiona Reimers, de Harvard.

Fonte:Folha de São Paulo


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Mais de 10 mil pessoas vão às ruas em Santiago para apoiar protestos contra o enfraquecido governo de Sebastián Piñera


Felipe Trueba/Efe
Jovem com máscara onde se lê 'huelga' (greve) participa de 'protesto familiar' realizado no centro de Santiago, ontem




LUCAS FERRAZ, ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

Os estudantes da primavera chilena ganharam amplo respaldo popular e agora desafiam com ainda mais força o debilitado governo de Sebastián Piñera.

Numa atípica comemoração do Dia das Crianças, ontem, mais de 10 mil pessoas saíram às ruas de Santiago numa marcha de apoio aos protestos estudantis, que se iniciaram há quase três meses em prol de uma reforma no sistema de educação.

Numa pacífica manifestação com balões, pipocas e muitas críticas ao governo, crianças, jovens, pais, avós e professores repudiaram a violenta repressão policial da última semana, que terminou com um saldo de quase 900 detidos e 90 policiais feridos.

"A luta deles é justíssima, estamos aqui para dizer que os apoiamos", disse à Folha Cíntia Baez, 39, que chegava ontem a uma praça central de Santiago com os dois filhos, de 11 e 16 anos.

O governo usou um decreto da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) que lhe outorga a decisão de autorizar manifestações e proibiu, na última quinta, a realização de duas marchas.

Os estudantes -muitos menores de idade- desafiaram a determinação de Piñera e foram às ruas, mas terminaram reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo, cavalos e detenções. A ação foi elogiada pelo governo.

Mas, na opinião pública, o efeito foi explosivo -pesquisa recente indica que 80% dos chilenos aprovam as demandas estudantis. Houve forte rechaço à repressão, criticada até pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Desde então aumentaram os protestos, agora organizados não só pelos estudantes. Nas últimas quatro noites, ocorreram panelaços em distintos bairros de Santiago. Acuado, o governo autorizou a marcha de ontem.

"Tenho saído todos os dias para apoiá-los", afirmou Eleodoro Monreal, 77, que no sábado, depois de bater panela na janela de seu apartamento, desceu à praça Constituición, junto ao Palácio de La Moneda, para se juntar aos estudantes.

Recorrentes no Chile desde 2006, os protestos estudantis estouraram em maio. A principal demanda é por uma educação pública gratuita, além do fim do endividamento dos alunos com o ensino superior.

Estima-se que 40% dos estudantes chilenos deixem a universidade endividados -um curso numa universidade pública pode custar até US$ 12 mil por ano.

O reclamo -compartilhado por universitários e secundaristas- é por maior participação do Estado na educação, papel que foi esvaziado pela ditadura. Um dos refrões dos protestos é "y va caer, y va caer, la educación de Pinochet" (vai cair, vai cair a educação de Pinochet).

Como o governo não apresentou uma resposta convincente, as manifestações crescem. Amanhã está prevista uma greve nacional que deve reunir, além dos estudantes, trabalhadores de diversos setores, sindicatos e, agora novos na turma, os familiares.


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Países ricos têm maiores índices de depressão


Dado é de pesquisa internacional que entrevistou 89 mil pessoas

Nações de renda alta têm 14,6% de deprimidos, contra 11% das mais pobres; em SP, 18% são afetados

RAFAEL GARCIA
Um levantamento sobre a depressão em 18 países indica que esse transtorno psiquiátrico é mais comum em nações ricas do que em pobres.

O Brasil, porém, representado no estudo por dados da Grande São Paulo, foi o país em desenvolvimento com mais pessoas afetadas.

A pesquisa, para a qual foram entrevistadas 89 mil pessoas, é resultado de um projeto da divisão de saúde mental da OMS (Organização Mundial da Saúde).

O registro de uma prevalência maior da depressão (14,6%) em países de renda média e alta do que nos de renda baixa (11,1%) não tem uma explicação única, afirmam os cientistas.

"Diferenças em exposição ao estresse, reação ao estresse e em depressão endógena [de origem interna], não relacionada aos fatores ambientais, são possíveis influências", afirma o estudo, liderado pela psiquiatra Evelyn Bromet, da Universidade de Nova York.

"A desigualdade social, em geral maior nos países de alta renda do que nos de baixa, leva a problemas crônicos que incluem a depressão."

Talvez não por acaso, o Brasil, onde a desigualdade social é ampla, figura na pesquisa com uma prevalência de 18% desse transtorno psiquiátrico. Entre os países ricos, a exceção foi o Japão, com só 6,6% de deprimidos.
CLASSE SOCIAL
As pessoas mais pobres dos países ricos tiveram mais risco de passar por um episódio de depressão, tendência que não foi observada nas nações mais pobres.

Segundo Bromet, a diferença de 3,5% na incidência média de depressão entre países ricos e pobres pode não estar ligada ao grau de desenvolvimento.

"O que me impressiona mais é que, na maioria dos países, a prevalência em tempo de vida está entre 10% e 20%", disse a pesquisadora à Folha. "Isso significa que toda a comunidade médica precisa manter vigilância para reconhecer a depressão."

Um dado foi uniforme entre todos os países: mulheres tinham o dobro de risco de apresentar depressão do que os homens.

A idade do primeiro episódio ficou entre os 20 e 30 anos. Nos países mais pobres, a depressão começa mais cedo do que nos ricos.
DADOS PONTUAIS
No caso do Brasil, um fator que pode ter causado um viés nos dados é que o país foi o único a contar com dados de só um centro urbano.

A China incluiu dados de três cidades, e os outros países trabalharam com amostragens nacionais.

"Essa marca de 18% do Brasil não seria tão alta se o estudo tivesse incluído áreas rurais, já que populações urbanas têm maior associação com o estresse em razão da violência", afirma Maria Carmen Viana, psiquiatra da USP e uma das autoras do estudo.

Viana conta que buscou financiamento para a pesquisa em órgãos federais e estaduais, mas só conseguiu com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). "Não conseguimos verba para uma amostragem nacional."

O poder que uma informação errada tem sobre a sua mente bruno.xavier 6 de agosto de 2011


Duas pessoas conversam no trabalho:
- Você já conheceu o Artur, aquele cara novo que está trabalhando aqui? Ele parece legal, né?
- Ih, tome cuidado porque ouvi dizer que ele puxou o tapete dos colegas na outra empresa em que trabalhava. Dizem que esse cara é tão manipulador e egoísta que acho até que deve ser um daqueles psicopatas corporativos.
Não era verdade: Artur é gente boa e o segundo interlocutor o havia confundido com outra pessoa. Descoberto o engano, tudo foi esclarecido para não deixar o colega com uma impressão ruim a respeito do novato. Mas o estrago já havia sido feito. Um novo estudo descobriu que, mesmo que você peça para as pessoas ignorarem uma informação errada, isso não apaga a ideia inicial que ela causou.
Na pesquisa, feita pela Universidade da Austrália Ocidental, os psicólogos pediram que estudantes universitários lessem o relato de um acidente envolvendo um ônibus cheio de passageiros idosos. Os alunos foram então informados de que, na verdade, os passageiros não eram idosos. Para alguns alunos, a história acabou ali. Para outros, foi dito que o ônibus estava levando o time de hóquei da faculdade.
Depois, cada um teve que responder algumas perguntas sobre esse fato e o resultado mostrou o poder da desinformação: quem havia sido advertido sobre o engano e ouviu a história até o fim estava menos propenso a errar do que os outros, mas ainda assim acabou concordando com afirmações como “os passageiros tiveram dificuldade para sair do ônibus porque eles eram idosos e frágeis”.
Isso indica que, mesmo que você compreenda, lembre e acredite na correção posterior, a informação que você recebeu inicialmente ainda vai afetar o seu raciocínio e suas conclusões. Para o psicólogo Ullrich Ecker, um dos autores do estudo, tal fato revela um pouco sobre como funciona a nossa memória.
“Apesar de as pessoas terem alguma capacidade de evitar a confiança indevida em informações de má qualidade, isso ainda continua a afetar o seu raciocínio”, explica ele. “Nossa memória está constantemente conectando fatos novos e antigos e amarrando os diferentes aspectos de uma situação em conjunto, de modo que nós aproveitamos, ainda que inconscientemente, fatos que sabemos ser errado para tomar decisões mais tarde”.
Os pesquisadores descobriram que uma advertência específica – dando informações detalhadas sobre o efeito influência da desinformação – conseguiu reduzir a influência das informações iniciais, mas não eliminá-la. E não adianta avisar as pessoas de que as informações nem sempre são checadas antes de serem espalhadas – Ecker disse que isso é ainda menos eficaz.
O lance é sempre checar bem as informações antes de espalhá-las por aí porque, mesmo que você corrija algum eventual erro depois, elas podem ter efeitos duradouros sobre a imagem de algo ou alguém.