segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dois pesos, uma medida


Com a vantagem da redução do peso transportado pelos estudantes e a promessa de interatividade, tablets ganham espaço nas escolas nos EUA

GILBERTO DIMENSTEIN, COLUNISTA DA FOLHA

Edison, uma pequena cidade americana de 98 mil habitantes em Nova Jersey, prepara-se para se transformar num laboratório educacional a partir de setembro.

Os alunos de suas escolas públicas vão aprender álgebra, nos próximos 12 meses, sem usar lápis, papel e livro. Eles vão usar apenas um aplicativo para o tablet.

A cidade aceitou fazer a experiência para ver se o novo recurso funciona ou se é mais um modismo tecnológico. Metade dos alunos vai usar o aplicativo de álgebra, a outra ficará com o livro tradicional. Ao fim do ano letivo, vão avaliar se houve diferenças de aprendizado.

"Nossa aposta é que o professor vai ter mais facilidade de ensinar com um suporte interativo nas mãos", afirma Richard O'Malley, responsável pelo ensino público do município. Para ele, esse tipo de experiência ajudará a definir se ou até quando o livro ainda será usado na escola.

A predisposição a essa novidade é ainda maior quando ouve-se o governo da Coreia do Sul anunciar que o país vai aposentar o uso do livro em sala de aula -e trocar pelos tablets- em todas as escolas do país, até 2015.

Cresce a aposta de que, em pouco tempo, pelo menos em países ricos, o livro didático será tão inútil quanto as aulas de letra cursiva -que já não são obrigatórias em nenhum Estado americano.

Experimentos como o de Edison, que são acompanhados por centros de pesquisa, atraem a atenção. Sempre na condição de projetos-piloto, outras centenas de cidades nos EUA estão usando tablets combinados com livros em suas salas de aula.

A Prefeitura de Nova York comprou 2.000 aparelhos e colocou-os em escolas na periferia. Lá, por exemplo, alunos usam um aplicativo para inserir e tirar cores das imagens de pinturas -uma ferramenta para tornar as aulas de história da arte mais interativas e mais atraentes.

"É um caso que mostra o uso correto da tecnologia, que vai além do livro", diz Fernando Reimers, professor de educação de Harvard e especialista em inovação.

PESO MENOR

Por enquanto, professores, pais e estudantes veem na substituição dos livros uma simples (mas real) vantagem anatômica. Os tablets tiraram literalmente um peso das costas dos alunos, esvaziando a mochila do papel e até do computador portátil.

Docentes elogiam o fato de que, diferentemente do modelo "um laptop para cada aluno", o estudante não se esconde mais atrás da tela.

"Os alunos dizem que a vida ficou mais leve", afirma Nick Bilton, professor do Programa de Interação em Telecomunicação da Universidade de Nova York. "Acredito que cada vez vai ficar mais clara a vantagem dos conteúdos eletrônicos."

Ele dá o exemplo de uma empresa, a Inkling, que ganhou mercado nas universidades, especialmente nas escolas de medicina. Um de seus produtos de sucesso é um livro de biologia -que tinha uma edição impressa de quase mil páginas- que foi recheado com material em 3-D em sua versão eletrônica.

Além das facilidades de manipulação, o aluno pode comprar um capítulo de cada vez e tem espaço para escrever e compartilhar comentários, em rede social, num aprendizado coletivo.

"O livro de papel usado em classe não é mais funcional. Mas será que isso vai melhorar a educação?", questiona Reimers, de Harvard.

Fonte:Folha de São Paulo


Enviado via iPad

Nenhum comentário:

Postar um comentário